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Resenha: The Strokes - Comedown Machine (2013)

Diferentemente do longo período de espera entre First Impressions Of The Earth (2006) e Angles (2011), a banda americana de indie rock, The Strokes, nos impactou com o curto e sigiloso período de espera para o lançamento de seu tão aguardado quinto álbum de estúdio, que atende pelo nome de Comedown Machine. O álbum, lançado em 26 de março de 2013, é o último do grupo lançado pela gravadora RCA Records, após o fim do contrato de 5 álbuns assinado com a gravadora em 2001 (que fez questão de estampar seu nome em letras garrafais e memoráveis na capa desse derradeiro disco).

Notadamente, o estranho Comedown Machine causou controvérsias ao surpreender tanto quem esperava um novo Is This It, como quem esperava algo ainda mais impactante que Angles. A polêmica surgiu tão rápido quanto a divulgação do hit One Way Trigger, que assustou muitos fãs e deixou críticos confusos. Um baque, para muitos. Essa faixa, por exemplo, com nada mais de 4 notas, já basta para percebermos os novos experimentos da banda: uma baladinha bem empolgante e um falsete de dar inveja (a voz de Julian quase irreconhecível).

Ao se enveredar por esse caminho ousado, o grupo se arriscou ao se distanciar dos hits que os elevaram ao topo no seu estilo vintage de rock. A sonoridade do álbum nos lembra muitas bandas da década de 80, gosto retrô típico de Casablancas (que parece ter sido muito forte e marcante em sua adolescência). Dos quatro álbuns anteriores da banda, na verdade é com o álbum solo de Julian, Phrazes for the Young (2009), que mais mantém semelhança, levando alguns a se perguntarem se esse era mesmo o quinto álbum do The Strokes ou o segundo solo de Julian.


As canções revelam uma boa harmonia na banda, que nos transparece um ar divertido e provocativo. A sonoridade singular do álbum é evidente com os cintilantes e abstratos falsetes de Julian para elevar agudos, como em Chances, que tomou o lugar de sua velha voz rouca e gritante. Faixas como Welcome To Japan nos fazem lembrar as trilhas sonoras de jogos eletrônicos da geração 80’s-90’s. Aliás, essa faixa nos faz questionar: influências japonesas nos arranjos? Talvez. Mas o que marca nessa faixa são os riffs bem ligeiros, bem típicos nas músicas japonesas, especialmente animes. Perfeita para se ouvir nos fones de ouvido ao andar na rua. Falando nisso, Slow Animals, com uma crescente na 2ª parte e um encaixe no refrão, ganhou uma versão mais acelerada, que faz jus ao nome. A faixa Fast Animals é o lado B da versão de 7 polegadas de All The Time e a faixa bônus na versão japonesa de Comedown Machine.

Com novos arranjos e guitarras mais afiadas, na maior parte dos 37 minutos e 49 segundos de duração do álbum, as faixas são constantemente intercaladas com uma melodia calma e serena, como em 80's Comedow Machine (com passos lentos e uma batida que Fabrizio simula um coração, onde, no refrão, você não sabe se ouve um gemido ou um riff de guitarra), seguida por uma agitada, como 50 50, onde a voz rouca de Julian volta à cena, e numa rápida faixa de pouco mais de 2 minutos, mata a saudade do rock presente na história do grupo.

Não menos brilhantes são as letras profundas e subjetivas, tais como em Tap Out, (nossa primeira impressão dos novos ares do grupo) contrastando nitidamente com letras mais simples e suaves, como em Call It Fate, Call It Karma. Definitivamente, essa é a música mais estranha do álbum, como se fosse uma bossa nova psicodélica, mas rica em mostrar o quanto Julian e companhia estão afiados nos timbres e nuanças novas. No silêncio do meio da noite, você ouve a comovente Chances e sente aquela vontade de fazer tudo de novo ou diferente. Julian no falsete deixa a voz guiar a suave melodia. E não nos esqueçamos do ótimo desempenho de Albert e Nick nas guitarras, como em Partners In Crime. Mas a banda não esqueceu o seu passado, e canções como o single All The Time nos dão aquela sensação de estar em terreno conhecido. É incrível como o solo simples dela é viciante.

Comedown Machine – um álbum para se escutar indo e vindo, em momentos difíceis, em dias alegres e tentando (como sempre) encaixar cada musica em um espaço do momento em que se vive. Momentos perfeitos para se analisar bem cada música do álbum e refletir no que ainda nos aguarda nos próximos trabalhos. Definitivamente, os solos marcantes e inconfundíveis nos fazem crer: esse é um disco de rock. Esse é o The Strokes.

Comedown Machine (2013)
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01. Tape Out
02. All The Time
03. One Way Trigger
04. Welcome To Japan
05. 80's Comedown Machine
06. 50 50
07. Slow Animals
08. Partners In Crime
09. Chances
10. Happy Ending
11. Call It Fate Call It Karma

Por @Abel Luiz

2 Comentários

  1. Obrigado, Mozza, pelo convite.
    Sucesso pro Blog, com ainda muitos meses e meses de postagens.

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    1. Prazer é meu em tê-lo aqui, Abel. Aliás, belo início hein! :)

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